"...tornar-se um professor crítico se (...) fala de suas leituras quase como se estivesse recitando-as de memória - não percebe, quando realmente existe, nenhuma relação entre o que leu e o que vem ocorrendo no seu país, na sua cidade, no seu bairro."
Paulo Freire

quarta-feira, 16 de março de 2011

RESENHA


CRIANÇAS, INFÂNCIAS E EDUCAÇÃO

            O texto “Crianças, Infâncias e Educação”, faz parte da Dissertação de Mestrado “Educação Moral e Qualidade na Educação Infantil: desafios ao professor”, pela Universidade de Brasília, no ano de 2005. Foi escrito por Andréa Studart Corrêa Galvão, coordenadora e professora do curso de Pedagogia da Faculdade UNIP de Brasília; atuando também, como coordenadora do curso de Especialização em Educação Infantil da Faculdade Gama Filho, em Brasília.
            A autora inicia o seu texto, refletindo acerca dos conceitos “criança” e “infância”, abordando que tais conceitos foram elaborados pela sociedade e incorporados por ela, sendo que, conforme a cultura e o tempo histórico se desenvolvem os valores, posturas e sentimentos vão sendo alterados com relação à criança.
            A autora se remete ao pensamento de diferentes pensadores que estudam sobre a criança e a infância. Ela dá início a sua reflexão se referindo a Freitas e Kulmann Jr. para esclarecer a visão que assumimos com relação a esses dois conceitos: podemos ter um “olhar de fora”, estudar a criança a partir das representações construídas pelos adultos; ou compreender a criança a partir das experiências vividas por elas, através de um encontro com a infância.
            Aborda que a forma como a sociedade vê e entende a criança e a infância interfere nas tomadas de decisões com relação à educação infantil e com relação à organização e prática pedagógica, no entanto, é necessário que esta visão incline o olhar para o passado, refletindo sobre como a história da criança foi construída, para enfim, olhar o presente e construir uma educação, voltada para a criança.
            Faz referência a Ariés, com relação ao desenvolvimento da concepção de criança e infância que se desenvolveram ao longo da história. Na sociedade medieval não existia o “sentimento de infância”. Entre os séculos XVI e XVII começam a surgir às primeiras demonstrações desse sentimento através da paparicação da criança pelos adultos. No final do século XVII, começam a surgir reações contrárias a esse comportamento, nascendo, portanto, um sentimento voltado a disciplinar as crianças, algo que era visto como responsabilidade familiar. A partir do século XX, surge a escola como um lugar em que iria proporcionar as crianças o processo de educação, sendo que esse espaço passou a se organizar para atender as necessidades da sociedade, que via a criança como um adulto em formação.
            Traz os estudos de Postman, segundo esse autor, para a criança fazer parte do mundo dos adultos seria necessário a conquista do mundo letrado. A escola, portanto, seria o espaço criado para formar adultos instruídos intelectual e moralmente. Educação formulada na visão dos adultos.
            A autora também se remete aos estudos de Dahlberg, Moss e Pence, que afirmam que a escola da modernidade se amparava na formação de um cidadão para o futuro, visando sanar problemas sociais da posteridade e não com atenção a criança de hoje; essa visão buscava a padronização de resultados; querendo produzir crianças homogêneas, hierarquizadas, passivas e dependentes; onde a criança é vista como alguém que só absorve, sendo incapaz de contribuir para o processo de construção cultural. Abordam que a escola se proliferou na sociedade por conta da inserção da mulher (mãe) no mercado de trabalho, como uma necessidade da demanda de mercado e não visando o bem estar da criança.
            O texto nos leva as afiramções de Larrosa e Lara que abordam a necessidade de direcionar o olhar para a criança, rompendo com a visão de que a criança é uma “tábula rasa” ou um “adulto em formação”.
            Por fim, traz os pensamentos de Oliveira com relação à constituição de uma “Pedagogia da Infância”, que requer a compreensão da própria criança, quem é esse ser e quais são suas necessidades.
            A autora conclui abordando a necessidade de pensar uma educação diferenciada, que quebra com antigas concepções da criança e da infância.
            O texto trouxe estudos de diferentes pesquisadores com relação a criança e a infância, o que ajudou a compreender como a criança é vista pela sociedade ao longo da história (um  ser que se constitui a cada dia, com necessidades e desejos próprios, que já traz consigo a sua história e comportamentos que podem interferir na sociedade; ou um ser que se constituirá apenas no futuro) e como essa visão interfere nas tomadas de decisões e de posturas que constituem o universo da educação escolar. 


GALVÃO, Andréa Studart Corrêa. Educação Moral e Qualidade na Educação Infantil: desafios ao professor. Dissertação de Mestrado. Adapt. Brasília, UnB: 2005.

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